– E essa aqui?
– Ah não, essa não combina com a minha.
– Ah, meu Deus! Pode parar!
– É que uma vez namorei um cara que só usava cores fortes. Aí eu, pra equilibrar, tinha que vestir preto ou branco, sempre cores neutras. Depois namorei o… ah, você não conhece, que me deixava usar a cor que eu quisesse, mas em compensação ele não usava nada: saía pela rua com o peito cabeludo à mostra. Eu tinha tanta raiva que acabava ficando em casa só pra ele não sair daquele jeito. Cansei me negligenciar.
– E eu que pago por isso?
– Eu só quero que você vista essa camisa verde! Fica uma coisa meio latina, eu gosto assim.
– Argh!
– Acho que vou de peruca. O que você acha?
– É… fica uma coisa assim meio ridícula, mas eu gosto.
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Ela falou por um bom tempo sobre toda sua experiência com caras que a impediam de se evidenciar, do sofrimento por não poder usar as roupas que queria, nem o tipo de cabelo que estava na moda. Ele tentava imaginar todas aquelas histórias de uma maneira divertida. Começou a pensar em todas as crises de nervos que ela deveria ter tido, e como ficava engraçada quando nervosa: o rosto deformado pela raiva e pálido como só ela conseguia ter. Segurava o riso de canto. Ela falava, desabafava toda sua mágoa com a falta de cores no seu passado, e como queria viver com ele uma vida diferente.
Sentiu uma vontade louca de tomar a peruca da mão dela, só pra vê-la berrar.
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– Você está me ouvindo?
– Imagino como deve ter sido difícil pra você. Mas essa peruca vai ficar ridícula com essa blusinha florida.
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Foi assunto para mais meia hora de monólogo, enquanto ele viajava em subdimensões do passado constrangedoramente traumatizante que pra ela era motivo para novas experiências, e pra ele motivo de sarro. Ela ia e voltava pelo corredor, parava frente ao espelho e gesticulava. Até que ficava bonita assim, de camisa florida, calcinha de algodão e meias. Tanta mulher preocupada em se arrumar demais – até peruca compra – e ela bonita daquele jeito, quase nua.
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– Não levanto dessa cama hoje se você colocar essa peruca.
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O rosto pálido começava a ficar vermelho. Ele divertia-se mais a cada provocação, vendo-a se desesperar pela falta de argumentos e ser tomada pelo cansaço.
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– Beto. Por-ra! Custa você colocar essa droga de camisa verde?
– Você desiste da peruca?
– Não é justo eu ter que deixar de lado uma vontade tão antiga…
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Delícia vê-la fora de si frente à total calma e serenidade com que ele parecia irredutível.
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Ela se sentou na cama, ficou de cabeça baixa e muda por alguns minutos, nem parecia mais a sua pimentinha.
Assustadoramente, ela se virou jogando os cabelos pra cima e berrou:
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– Eu vou colocar essa droga de peruca e você essa merda de camisa. Agora! Agoraaaa! Ou eu vou sozinha nessa festa! …
…Tá duvidando?
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Com os olhos arregalados, ele foi se arrastando devagar até a beirada da cama, pegou a camisa do chão e vestiu.
Nervosa era engraçada, mas louca ele tinha medo.
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Samantha Abreu
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Nossa, eu me vi nessa história!!!!!
Bjosssssssssssssss
Eu não tenho medo de mulher louca! rsrs. Eu sairia com vc usando peruca na boa.
Pow, esntão posso concluir que meu namorado tem medo de mim…
oO
Ahhhhhhhhhh, eu não me importo. Eu gosto rssss
Comédia da vida conjunta deliciosamente bem descrita, sem falar, claro, do excelente final, excelente!
E a boba discussão dos dois, além da admiração perplexa dele e sua franca e mais que correta observação de que as mulheres se aprontam, se aprontam e se aprontam, mas ficam lindas de camiseta, meia e calcinha de algodão, também foram perfeitas!
Mas voltando ao final, nenhum homem em sã consciência, após ver sua igual sentar à beira da cama, desistir de algo que queria muito e vê-la refletir uns belos dois minutos em silêncio sobre aquilo, jamais, jamais mesmo duvidaria dela. Hehehe.
Beijocas, Samantha!
hehehhe xD
ow deos…é o amor!
beijossssssss
Sempre assim, discussões por motivos banais, até chegar ao ponto de se fazer temer…rsrs
Embora trágico, o final foi muito engraçado!
Mulheres sob descontrole É TUDO DE BOM!
Beijos Sa!
caramba,
querida, quer dizer, Samantha, você é incrível;
incrível como retratou o prazer que um homem tem ao ficar “dono de si” diante de uma mulher “nervosa”.
O final é bárbaro e incrivelmente realista.
Beijos,
ah… a foto é belíssima!!!!
Pqp!!!!!!!!! Isso daqui tá cada vez melhor. Quase me sinto descontrolado…rs
Bjos
Seu fã sempre…Pimentinha…rs
Rafa
no começo do ano letivo pensei em pintar meu cabelo de verde, mas desisti, na escola particular iam horrorizar muito.
bom escrito, se quiser usar calcinha violeta é legal. ou se não quiser é legal tbém. risos.
tais afiada guria!!!
Não sei por qual motivo me identifiquei com essa garota…hahaha
Muito bom.
Eu não vestiria a camisa….e colocaria uma peruca maior que a dela…
kkkkk que ótimo!
Me lembrei de uma louca que simplesmente fica muda e dá as costas..
eu conheço esse cara….
hihihihihh!
mas a mocinha podia logo pintar o cabelo de roxo pra combinar com a calcinha que o Cássio Amaral propôs.
e dar um bofete no cara pra combinar com o outro texto.
assim ela já fazia um soneto conjugal e….
ih…. me excedi. acho que me entusiasmei com os personagens!
Beijos!!!!
Samantha,
muiiito bom, seu texto! a moça romântica desfarçada de ‘antenada’… com um saco enorrrrrrrrrrrrrrrme! em outras palavras, com uma fé gigantesca em encontrar alguém que valha a pena, porquê só isso justifica sair com um cara sem camisa e, com peito peludo (na rua)!!!!!!!!!!!!!!! \O/
… delícia ler a Pimentinha nos olhos dos outros… Vontade de meter a camisa verde na cara do sarcástico ( o verme, disfarçado de príncipe). Noooossa, que ódio…rs…
Uma delícia!
Beijoca!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!!!!!!!!!
eu assino embaixo… o cara tá super certo em vestir.
adorei o texto, é muito legal. pimenta que dá sabor.
Nossa, muito legal o blog. Fiquei encantada com os textos, as imagens e todo esse universo tão pareceido com tudo o que eu vivo.
Parabéns.
Bjos.
😉
hahaha..
a inconfundível samantha abreu!
maravilha de conto.
Eu amarro a porra desta camisenta na cintura e vou pelado com vc de peruca!!
porra!!!
Eu saía nu. Mas com peruca, ela não ía comigo. Aonde seu texto vai chegar? Vou mudar o endereço no link do meu blog. Beijos!
Adorei!Adorei!
Coisas que só um casal entende, né?
Beijos,
Polly.
HUAhuahuahua
to descontrolada de tanto rir!
Já é doida por querer que o cara use uma camisa verde pra parecer latino e ela uma peruca..sabe-se lá como é essa peruca..uhauhauhauha