Sou mulher submissa como minha mãe, minha avó e todas as minhas antepassadas. Tradição é tudo, gente! Detesto mulheres que inventam de querer trabalhar fora e conquistar o mundo. Essa de querer pagar as próprias contas serve pra mulher que nunca experimentou o que é depender de um homem. Homem de verdade, estou dizendo, hein.
Arnaldo é meu homem de verdade. Paga minhas calcinhas de lycra, meus cremes da Avon e em todo aniversário ele me dá um presente caro. Ano passado ganhei uma máquina de fazer pão. Ele pensa tanto em mim que sempre procura facilitar meu esforço. Por isso, quando ele volta do trabalho estou sempre cheirosa e preparada para recebê-lo, de janta posta e prato feito. Sou o orgulho da minha família. Corro o dia todo pra deixar tudo do jeito que ele gosta e as almofadas prontas para aconchegá-lo no sofá, depois de um cansativo dia de trabalho. Coitado, ele chega sempre exausto!
Não tenho do que reclamar. Acordo todos os dias bem cedo, antes do Arnaldo, para preparar o café da manhã. Ele não pode sair sem comer, de jeito nenhum! Logo que ele vai trabalhar, eu inicio os afazeres da casa, começando por lavar as roupas. No tanque, obviamente. Prefiro lavá-las a mão para que não esgarcem ou estraguem os colarinhos das camisas do meu marido, que é sempre tão caprichoso na forma como se veste.
Quando as crianças acordam, ajudo-as com as tarefas da escola, pois o Arnaldo não aceita que elas tenham nota baixa. Deus me livre disso acontecer, Arnaldo me mata! Então fazemos juntos os deveres, pacientemente. Depois, faço o almoço, elas comem e vão para a escola. Passo o resto do dia atarefada com a limpeza e com a faxina. Fico até emocionada quando falo disso!
Ao final da tarde, quando as crianças voltam, me apresso em arrumá-las para que não atrapalhem o Arnaldo. Ele detesta esperar para tomar banho. Troco as toalhas, pois a dele tem que ser lavada e macia, todos os dias. Meu marido é tão asseado! Fico até orgulhosa! Só é uma pena porque depois que ele chega eu não posso ver televisão. Ele reclama que eu converso durante os programas e o atrapalho. Por isso, tenho que ficar no quarto enquanto ele se atualiza com os jornais. Mas é bom porque me adianto em algumas costuras, bordados e já o espero na cama para nossa noite de amor.
E assim me sinto mulher. Por inteiro.
Arnaldo, sim, é homem de verdade! Não é desses que permitem mulher independente, não. Por isso que essa mulherada está aí, perdida, com a cabeça virada.
Não se faz mais homens como antigamente. Homens que mandavam na gente, simplesmente.
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Samantha Abreu
Mas não é você que ganha o salário, bom por sinal, com o cérebro e não com a bunda? Onde está aquela mulher? Gorda mas tesuda e gostosa? Essa daí eu não quero nem de graça. Além de tudo você é sínica e vingativa? E onde fica o “Meu Motivo”? Aquela coisa linda como você? Nunca mais escreva essas coisas pra esses homens idiotas que não lhe merecem…rsrsrsrs
Embora sejam muito boas de ler. Sou seu fã, Samantha!
Por falar em “Meu Motivo”, fiquei com uma tentação de por no meu blog! Que poema do caralho!
Rá! Tudo aqui é ilusão!
E pro Arnaldo ser o marido perfeito só faltou ser impotente..
Beijos.
Amélia Hype – De volta para o futuro
Medo desse Arnaldo!
auahuahauhauhauah
Ho mem dever dá de,
Dá de verdade Oh mem,
Ar,
Ar,
Arnaldo
Ar-nada.
Bom, existem mulheres que são realmente felizes e satisfeitas dentro desse contexto pois só conhecem essa forma de viver.
Engraçado como a concepção de “vida perfeita” pode ser tão ampla e variada né?
Para mim esse Arnaldo é uma aberração rs e não serviria jamais, mas para muitas outras mulheres ele é o homem ideal…eis o nosso mundo, e viva a diversidade de valores!!!
E este está onde? Preso? Hahahahahaha.
Mas há mulheres que apreciam esse tipo de homem – são seus valores, herdados de outros e outros. Mas um dia despertam ou não.
Homens como antigamente! Ainda prefiro o Mr. Darcy de Jane Austen.
Abraços
Salve, salve, modern woman, Amélia revisitada…
Essa classe aqui descrita é abominável. Pelos menos no plano teórico todo o Mndo tá de acordo.
Mas aquele que põe Gel ,muda fralda, cozinha e pega na vassoura, qual bruxo Mago Patológico ,até que usa camisinha rosa esse sim é perigoso ,porque ele quer a mesmíssima coisa, só tém seu discurso refinado e adapatdo aos tempos modernos.
A POSSE é um mOnstro danado
Xaxuaxo
Pq ela não mata o brocha do Arnaldo e depois se mata??
Beijo, Samantha… excelente texto.
Toda forma de exagero é doentia, quase nula ela né, e o que ela gosta afinal, nem ela deve saber.
Beijos e flores!!
Ma-ra-vi-lho-so! Eu quero um Arnaldo pra eu exercitar meu lado sádico. 😀
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Samantha “Mainardiando”. Então, vejo uma crítica (nem tão velada) às mulheres que escolhem tomar conta da casa e dos filhos. Um puta clichê, aliás. Como se sucesso fosse sinônimo de independência (financeira e afetiva), como se escolher ser uma mulher “do lar” fosse sinônimo de ser submissa. Nem lá nem cá.
oi Amélia (belo nome, aliás).
Não sou garota nem mulher dos 8 ou 80.
O que tô criticando aqui (de fato, nem tão veladamente assim…) é justamente o 8.
Ou seja: mulher submissa por submissão, única e exclusivamente, daquelas que perdem uma coisa mais importante que liberdade: a identidade.
Espero que você tenha entendido isso… e se não for o seu caso… Apenas divirta-se!
Um beijo!!!
rs. Talvez seja esse o motivo mesmo.
Muito boa essa Amélia conformada. Aliás, para ser Amélia, tem q ser conformada.
adorei o blog!!!!
À parte o texto, bacana, destaco a foto com o Jean Paul Belmondo e a Jean Seberg, em Acossado, primeiro longa de Godard. Belo filme, divertido e revolucionário na forma.
Sensacional! E a personagem da Jean Seberg era moderninha, bem diferente da personagem do texto. Está aí um avesso interessante…
Isso não é submissão é obsessão, credo. Aqui na terra que eu moro sujeito assim é contemplado com uma belo e garboso par de chifres.
É por isso que eu canto: “eu sou aquele amante a moda antiga…” rs
Beijos
“nosso corpo é uma jaula, onde a alma segura a chave”
se ela tivesse um corpo de homem, ela poderia ser independente?
ou talvez ela devesse chamar a touanda, do filme tomates verdes fritos!
bjus!
uahahahahahaha
Ótemo! Cada um com seu cada um, né? E com alguma coisa – ou nada – em comum!
Beijo
Oi! Amanhã é seu dia. Estarei aguardando….Beijos!
Samantha
Sempre venho aqui no seu blog ler teus textos! sou fascinada pelo modo como escreve…
Adorei este…Parabéns
Querida Sam! Se todas as “amélias” do mundo tivessem a oportunidade de ler esse texto, aposto que sairiam céleres – num movimento espetacular, para queimarem os seus respectivos sutiãs, aos gritos de “viva Betty Friedam”, ou, “queremos Simone de Beauvoir”.
Como sempre, continuo fã, cliente, freguês, da sua fina ironia. Se bem que, nesse post, nem tão fina assim.
Beijos!
E tem tanto, mas taaaanto homem por aí querendo ser o Arnaldo… u.u
hehe!!! é dependente…de-pendente…pende…cai
já havia lido esse…é irritante a cada palavra…rs…muito bem selecionadas, como sempre…
beijos moça
Às vezes me revolto com a fantasiosa luta pela igualdade, aquela bobagem do atear-fogo-no-sutiã… mas lendo o texto, da pra entender a necessidade de algo tão radical. O bom, como tudo, é achar um equilíbrio, né?
Nem Amélia (deusolivre), nem feminista-piqueteira.
Cuidadoras que se deixam cuidar.
E viva as diferenças!
Beijos, sá!
Eu senti calafrios lendo isso!! Seria encontrada na pagina policial do jornal em uma semana desse serviço escravo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Mas o texto, ta ótimo!
Beijos
minhas calcinhas de lycra e meus cremes da avon foi demais, kkkkkkk
beijos, dear
MM.
Olá, Samantha!
Encontrei o Mulheres Sob descontrole no Blog do Tyler. Gostei muito deste texto. Amo ironia, sobretudo quando não se usa aspas para denunciá-la.
E ainda sobre o texto, como você é capaz de perder tempo escrevendo algo assim? Se o Arnaldo chega em casa e te vê na frente do computador, sem recebê-lo com um beijo, a mesa pronta e suas chinelas a mão, o que será de ti? 🙂
Gostei do que li. Vou fuçar mais por aqui!
Beijocas!
samantha já não preciso mais gritar até ficar rouco nem sou mais fã de peter fonda. perdi o pouco de ilusão que é vital. meu lado punk de periferia foi suplantado por meu lado pau mandado da zona sul. piscininha e fim de semana no campo.
tive que dar cabo ao meu eu cibernético e não sem arrependimento e frustração. mas quem nasceu pra ser soldado nunca chega a capitão. e então estou recolhendo os pingos de chuva e acendendo as estrelas que há séculos se apagaram. não te esqueças de que sou teu sublime espectador. eu. um outro.
Samantha! Uhhuuuuuu! Você tá aí?
Olha só, meu post novo tá sentido falta do teu comentário. 🙂 Portanto, dá uma passadinha lá depois, belê?
Beijocas!
Ahhhhh Queridaaaaa. Com você só me divirto MUITO!!!!!!!
Que dom de mulher.
plac plac
Fiquei fascinado, pelos textos, pelo seu texto, pelo blog… tô me divertindo como num parque.
Nossa…. engraçado q ainda existem mulheres assim, sabia?! Com seus 20 e poucos anos de idade, depois de tantas revoluções, ainda existe mulher assim! Eu tava até escrevendo sobre isso pra um amigo meu… qq dia desses vou transformar a conversa q tive com ele em post e colocar lá no meu blog!
rs
bjs
lindo! achei perfeito o contexto e gostaria que fosse asim pra mim tb!
perfeiçao e submissao ao marido 1
é tudo!